File:Igreja Matriz de Mazedo - Portugal (16447696722).jpg

História

Nas Inquirições de 1258, a Ecclesia de Maazedo encontrava-se incluída no conjunto das igrejas pertencentes ao Cabido de Tui (Costa, 1981). Foi taxada em 400 libras pelo rei D. Dinis, em 1320.

Em 1320, uma concessão papal concedeu a D. Dinis a faculdade de receber, durante três anos, as contribuições das igrejas do reino para a guerra contra os Muçulmanos. S. Salvador de Mazedo foi taxada em 400 libras. No respectivo arrolamento estava adstrita ao ‘Archidiaconatus de Cerveria’(Costa, 1981: 165).

Por bula do Papa Eugénio IV, de 14-VII-1444, e a pedido do regente D. Pedro, a comarca eclesiástica de Valença foi separada do cabido de Tui (na altura adepta do papa de Avinhão) e anexada à diocese de Ceuta (idem, ibidem: 137).

Em 20-IX-1512, por um contrato celebrado entre o D. Diogo de Sousa, arcebispo de Braga, e D. Frei Henrique, bispo de Ceuta, a administração eclesiástica de Valença passou a pertencer à diocese de Braga, enquanto que a administração de Olivença ficou na posse da diocese de Ceuta (idem, ibidem: 145).

A igreja de Mazedo passou, então, a ser administrada pelo Arcebispado bracarense. No “Memorial feito em tempo de Dom Manuel de Sousa (1545-1549) considera-se como pertencente á ‘Terra de Monção’ e declara-se que ‘estaa arrendada em duzentos e ciquenta mil réis e por aqui se saberá o que há de pagar o Licenciado João Álvaro que se diz lhe ser confirmado neste benefício com a taerça parte da renda ou o que for. A vigairia confirmada esta igreja me disserão ter em dinheiro seis mil réis e o pee de altar’ (Costa, 1981: 199-200).

Em 1722 foi dotada na capela mor do retábulo e tribuna, obra dos entalhadores Tomé de Araújo, morador no Campo da Senhora-a-Branca, cidade de Braga; e seu camarada Miguel Coelho, assistente na mesma cidade. O respectivo contrato foi celebrado no notário Rafael Gomes, de Monção. em 17 de Dezembro daquele ano (ADVC, 1722). Ambos os mestres eram autores da planta apontamentos e obrigaram-se a ‘fazer o embazamento em forma de impedir o ressalteamento do Retábollo; e juntamente huma táboa bem liza sobre o altar;...pellos ditos elleitos foi dito que sendo nessessário mudarem-se as frestas da dita Igreja pêra fiquar mais capaz a obra da dita trebuna e por esse respeito correr qualquer prejuízo ou risquo as paredes da dita Igreja; seria tudo à sua conta" (idem, ibidem). Pela descrição no Dicionário Geográfico de 1758 pode concluir-se tratar-se da igreja actual pois o pároco memoralista afirma: “tem a igreja bastante grandeza, com cinco altares… E tem a dita igreja sua torre com dois sinos” (IANTT, 1758). Acrescentava ainda que “o parocho se intitula reitor e hé aprezentado pella meza archiepiscopal e o actual o hé pello Sereníssimo Senhor Dom Jozé, que Deos em sua Santa Gloria haja. Renderá o benefício ao parocho cento e vinte e cinco mil réis, pouco mais ou menos, a dizimaria hé do Colégio da Companhia de Sam Paullo da cidade de Braga e hé notorio lhe fez mercê della o senhor Dom Frei Bartholomeu dos Mártires, sendo Prelado de Braga, com o cargo de dar o dito colégio huma cadeira de Moral” (idem, ibidem).

Descrição

A igreja insere-se em meio rural, com adro e espaço circundante em plataforma elevada e murada acedida por escadaria frontal de um lanço. É construída em alvenaria rebocada e pintada a branco excepto embasamento, cunhais, cornijas, molduras, ornamentos e coruchéu que exibem pedra ‘à vista’.

Desenvolve-se segundo planta rectangular em nave e capela-mor com coberturas diferenciadas de duas águas. Adossado, do lado sul, apresenta um corpo coberto a quatro águas.

Na frontaria, orientada a nascente, destaca-se o portal com arco pleno ladeado de dois pares de pilastras sustentando frontão de enrolamentos interrompido para alojar nicho ladeado de dois óculos ovalizados. Um entablamento metopado, que se prolonga para a torre, separa o remate em frontão triangular, no qual se insere óculo circular, tendo nas extremidades pináculos boleados e cruz latina no vértice.

A torre, em três registos, apresenta a particularidade de possuir uma passagem inferior em arco; campanário com quatro sineiras encimado por coruchéu piramidal em escamas e rodeado por pináculos; e, ainda, gárgulas em forma de canhão.