File:Notícias Diversas. Governador Civil do Funchal, Diário de Notícias do Funchal, 12 de fevereiro de 1928 - Image 212839.jpg

Notícias Diversas. Governador Civil do Funchal

Hipótese de sucessor para o governador do engenheiro e capitão de Artilharia Ernesto Florêncio da Cunha (1890-1980)

A atuação do capitão e engenheiro Ernesto Florêncio da Cunha como governador civil do Funchal decorreu uma época especial conturbada, onde no interior da Ditadura se debatiam várias correntes representadas pelos elementos vindos dos antigos Centro Católicos, alguns dos quais antigos Integralistas Lusitanos e muitos republicanos que, descontentes com a anarquia em que caíra a Primeira República, tinham aderido e apoiado o pronunciamento militar de 28 de Maio de 1926. Como podemos constatar, entretanto, a situação estava ainda longe de se encontrar estabilizada. O Diário de Notícias do Funchal na edição de 12 de fevereiro de 1928, por exemplo, desmente taxativamente o boato que corria de que o próximo governador civil seria o comandante José Francisco Monteiro, pois que o 1.º tenente Quelhas de Lima que havia sido convidado para o lugar, ainda não dera resposta ao convite que lhe fora feito. Dois dias depois, em cabeçalho, afirmava taxativamente que o próximo governador seria o capitão de engenharia José Afonso Lucas, “que exerceu já idênticas funções no distrito da Horta”, não se confirmando nenhum desses nomes para o lugar do Funchal, com a agravante de que o capitão Lucas fora somente governador substituto da Horta. O lugar do Funchal, aliás, ficaria vários meses também preenchido somente pelo novo governador substituto, Dr. João Abel de Freitas (1893-1948)
Ernesto Florêncio da Cunha (1890-1980). Nascido no Funchal no seio de uma família ligada ao Ensino e à vida militar, cursou o liceu do Funchal e seguiu a carreira militar, cursando, simultaneamente a Escola do Exército e o Instituto Superior Técnico, onde se formou em Engenharia Civil. Como capitão de Artilharia e engenheiro, aceitaria a requisição civil da Ditadura Militar para chefiar a repartição técnica da Câmara Municipal do Funchal e, a 6 de maio de 1927, foi nomeado governador civil do Funchal, tomando posse no dia seguinte.
O seu governo foi ensombrado pelo decreto que determinou a entrega do Palácio da Junta Geral e seus anexos à Comissão Diocesana do Funchal e o contrato para a construção do molhe de cais do porto do Funchal com a firma “Fumasil Company Limited”, que se conseguiu anular. Estava em Lisboa em janeiro de 1928, altura em que deve ter apresentado o pedido de demissão, confirmado a 16 de fevereiro desse ano, regressando à carreira militar e desenvolvendo depois a sua atividade à frente do Comando da Artilharia de Costa, em Paço de Arcos e na Escola do Exército, onde chegou a catedrático. Faleceu em Paço de Arcos, onde se fixara havia 52 anos, a 27 de março de 1980.